terça-feira, 4 de abril de 2017

Mares profundos



Era um dia qualquer, uma terça-feira a noite, ela tinha desejos incontroláveis, ele uma necessidade louca e insana de viver tudo aquilo,
Mas aquilo era bem mais que aquilo, era aquela coisa, boa, doce e gostosa de viver. Ele tentava algemar os pensamentos,
Ela tinha perfume e cheiro de fêmea e transbordava glamour com aquele jeito de santinha recém coroada.
Ela sai do chuveiro e olha-o com cara de quem diz: Me pega de jeito. Ele a olha com cara de quem quer nadar em mares desconhecidos
E ir fundo, ao fundo sem medo de ser feliz. Por um breve momento pensa ser um sonho, um delírio, um devaneio
Coisas da sua imaginação, mas ela está ali e só quer que ele coloque o seu barquinho dentro do seu mar
E a ajude a remar, que as remadas não sejam perfeitas, mas que ambos remem juntos e sem medo, sem receio, entende?
Ao mesmo tempo ambos pensavam entre seus silêncios desnudos: Vai sem neura, relaxa, sossega baby, só vai e deixa fluir.
E alguma coisa dizia lá dentro dela: Deixa ele te molhar todinha e secar e amar e se acabar em tanto amor.
Que doce é o sabor do encontro não entre corpos, mas entre almas que não apenas transam, mas entram em transe
E gozam desse que é o maior de todos o amor. Minha cabeça está em você, estou totalmente ligado a você,
Não tem como sair, fugir, correr e você chega e me invade e me tomas e me faz teu prisioneiro, estou dentro de você,
Preso nesse breu, fundo escuro e quente e que loucura, me viro, reviro com delicadeza sem fugir aos teus olhos,
Que me vigiam com total atenção quietos e calados, mas que sorriem de um jeito tão romântico e intenso e gostoso,
Mas bom mesmo é quando a gente não serve só como taba buracos, quando não está somente satisfazendo uma vontade, um desejo, uma carência, uma necessidade imediata do outro.
Bom mesmo é quando a gente doa e recebe amor, quando há reciprocidade. Porque a gente cansa de ser usado, você me entende?

Leandro M. Cortes