sábado, 28 de março de 2015

Check-list


Pessoas perfeitas não existem, amores de cinema só nos sonhos. Chegadas e entradas triunfais somente em novelas.
E aquela pessoa certamente será eliminada no primeiro olhar. Antes de bater a porta interior. Antes de pular esse muro intransponível.
Antipatia, sexto sentido, premonição, não faz o meu tipo. Como se fossemos um produto qualquer, um item, uma marca a mais na prateleira.
E somos descartados por não se enquadrar, ou preencher seus pré-requisitos. Por não conter uma etiqueta, nem ser de grife.
O mundo não mudou, apenas se virtualizou e nos tornamos perfeccionistas e distantes. Seletivos ao extremo.
Um comando e deletamos, jogamos na lixeira, bloqueamos, deixamos de falar, ignoramos, ou trocamos o status para offline e passamos para próximo.
É uma balada, festa virtual, centenas online e se flerta com meia dúzia ao mesmo tempo. Ao tempo que quer tudo, nada tem e vem a insatisfação,a solidão.
A vida se tornou um reality show, cercado de olhares perdidos por todos os lados, olhares que se cruzam, olhares que se perdem, olhares emoldurados.
E que passe o próximo, a próxima festa, o próximo da lista, que venha o cardápio, mais uma dose, por favor!
Como sentir, deixar o coração acelerar se nem freamos, nem nos permitimos bater de frente, sentar, papear. Conversar, dialogar.
Como quebrar o gelo, sem o toque, sem o calor, sem a palavra. Tornamo-nos uma estação só, frios, vazios, insaciáveis e cegos nessa busca pela outra metade.
O encaixe que falta, a parte perdida do quebra-cabeças, a letra que complete o jogo de cruzadas, o refrão que de sentido àquela música. O outro lado da moeda.
Vive-se o olho por olho, bateu, bateu, caso contrário é só mais um a passar silenciosamente. E se perdem oportunidades, sem ao menos tentar.
Sem ao menos esbarrar, sem a troca do sentimento, sem a experiência. E tornamo-nos virgens, exigentes demais e relutantes ao primeiro encontro.

Leandro M. Cortes