sábado, 23 de maio de 2015

Mãe de primeira viagem


Mãe de primeira viajem

Aquela conversa entre comadres desconhecidas no primeiro encontro foi tão natural e sincera, como aquela de anos e calejada pelo tempo. 
Menino ou menina? Não sei! Menina talvez! Meninos são mais bagunceiros, mais faceiros, tem uma vontade desmedida em vir ao mundo. 
Meninas são mais comportadas, mais leves, menos desesperadas, mais articuladoras e manipuladoras, se mexem menos, em busca de mais atenção. 
Percebi naquela mãe uma enorme devoção, entrega e espera com olhos levemente marejados e imersos em uma alegria única.
 Naquele vitral escuro, seus olhos a vi pintando e bordando as cores em seu quarto imaginário, rosa se for mulher, creme se homem. 
Ela era minuciosa em sua montagem, sua arrumação mental, nada passa. Nada irá passar em branco as cores do espectro. 
Aquela tocada de mão no oval que desenhava seu corpo, como se a tocar o rosto. A face, acariciando aquele anjo sem azas.
 A felicidade inocente, boba e quase entre delírios de criança ao perceber, vir ao mundo pela primeira vez. 
Um misto de angustia e doçura presos ao pensamento, porque nunca se sabe o dia, a hora, o momento é estrela cadente que cai e permanece.
 Vem sem convite, chega e invade, sem bater a porta, apenas chora na ânsia do abraço, do afago, daquele cheiro único de mãe.
Grita na certeza da calmaria no momento seguinte, porque o que se segue são mimos intermináveis e baldosos, enche baldes de água. 
Enche a mãe de orgulho, que não mede esforços, mesmo com suas olheiras intermináveis e incontáveis minutos que vão para o banco de horas. 
Mesmo na inexperiência ela vai aprendendo, porque não há pré- requisitos para ser mãe é a natureza em seu curso normal. 
Não é preciso entrar na fila, nem preencher currículo ou fazer curso para se aperfeiçoar. Basta querer, desejar ser mãe.
É vida dentro de vida viva e bater compassado de corações e amores prestes a se encontrar. Porque não há amor igual ao de mãe nesse mundo. Coisas que só elas sentem e vivem!


Leandro M. Cortes