Um brinde aos solteiros, que
recorrem à solidão. Aliás, a solidão é recorrente, é a reincidência no mesmo
delito, no mesmo erro.
O estar só é diferente do ser só.
Se é só por opção e, se está só por ocasião, falta de sorte, ou coisas da vida,
do destino.
Estar solteiro é viajar
literalmente ao pólo norte. É viver alguns invernos, amparado apenas por
cobertores térmicos.
É recorrer ao ar condicionado
naqueles dias de calor trepidante, na ânsia de refrescar, não o corpo, mas os
pensamentos.
É ler e reler livros, ver e rever
filmes românticos de amor, no desespero de acalmar os dramas internos.
Estar solteiro é tirar umas
férias, depois de uma demissão, de uma rescisão, um acordo amoroso, em que se
leva um percentual da relação.
Estar solteiro é viver essa gostosa
liberdade provisória. É viver quase que um eterno desapego. Estar
só é por vezes egoísta demais.
só é por vezes egoísta demais.
Estar solteiro é deixar de ser casulo e virar
borboleta, abandonar o ninho, a rotina, a monotonia, a repetição, o que não voa
mais.
Estar solteiro é um porre, regado
a ressaca de amores, o suprir de carências e o preencher de buracos e vazios.
Estar solteiro é viver suas
próprias DRs, é brigar reconciliar consigo mesmo sem intermediações.
Estar solteiro é definitivamente
uma relação a dois com o eu interior. O eu e a indesejável solidão, que por
vezes bate forte na alma e no coração.
Não é o cotidiano, nem a rotina,
mas a falta de doçura, que estraga e torna amarga e azeda a relação. E, sempre
fica algo doce lá no fundo, bem no fundo desse poço.Leandro M. Cortes