quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Dualidade sentimental



Dualidade sentimental

Tem se reprimido a alegria e cultuado a tristeza em demasia. Não que uma se sobreponha a outra em intensidade.
Tem se vivido dias intermitentes de chuva, dias úmidos e cinza, dias sem nada para se colorir, senão o imaginário.
Já não se brinca mais na tempestade, aliás, a mesma já não tem mais o tom ameno de outrora, nem a inocência com que molhava o corpo e a alma.
Tem buscado mais o drama, a comédia, como se a escassez de lágrimas fosse uma calamidade, como se a alegria em demasia extrapolasse a naturalidade.
Como se a felicidade, sem uma pitada de tristeza e emoção não bastasse. A dualidade entre sentimentos opostos.
Há quem busque prazer na tristeza, da dor, um êxtase anormal para quem vê e normal para quem vive.
Um hábito corriqueiro e entranhado no âmago de quem se permite viver relacionar com a tristeza.
Como se fosse tomado pelo sentimento de culpa. Culpa por não ter tempo para chorar, nem sofrer, nem se condoer com tuas dores.
Não há pecado em ser feliz, em se expor ao ridículo, em gritar ao mundo eu sou feliz! Não há a iminência da separação, nem de retaliações.
A felicidade independe do outro, nem deve explicações a inveja, nem a tristeza, nem a solidão que se vê desamparada.
Porque dentro do seu pequeno mundo ainda cabem tantas alegrias. E a felicidade é uma urgência, uma necessidade, um direito teu!

Leandro M. Cortes