Dualidade sentimental
Tem se reprimido a alegria e
cultuado a tristeza em demasia. Não que uma se sobreponha a outra em
intensidade.
Tem se vivido dias intermitentes
de chuva, dias úmidos e cinza, dias sem nada para se colorir, senão o
imaginário.
Já não se brinca mais na tempestade,
aliás, a mesma já não tem mais o tom ameno de outrora, nem a inocência com que
molhava o corpo e a alma.
Tem buscado mais o drama, a
comédia, como se a escassez de lágrimas fosse uma calamidade, como se a alegria
em demasia extrapolasse a naturalidade.
Como se a felicidade, sem uma
pitada de tristeza e emoção não bastasse. A dualidade entre sentimentos
opostos.
Há quem busque prazer na
tristeza, da dor, um êxtase anormal para quem vê e normal para quem vive.
Um hábito corriqueiro e
entranhado no âmago de quem se permite viver relacionar com a tristeza.
Como se fosse tomado pelo
sentimento de culpa. Culpa por não ter tempo para chorar, nem sofrer, nem se
condoer com tuas dores.
Não há pecado em ser feliz, em se
expor ao ridículo, em gritar ao mundo eu sou feliz! Não há a iminência da
separação, nem de retaliações.
A felicidade independe do outro,
nem deve explicações a inveja, nem a tristeza, nem a solidão que se vê
desamparada.
Porque dentro do seu pequeno mundo
ainda cabem tantas alegrias. E a felicidade é uma urgência, uma necessidade, um
direito teu!
Leandro M. Cortes