quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Entre outono e primavera


Entre outono e primavera
Somos invariavelmente suscetíveis as oscilações do tempo, ao descontrole do amor, as altas da bolsa de valores e a mudança dos ventos.
Mudamos pelas pessoas, mas não por nós mesmos. Mudamos o cabelo, o olhar, o andar, o fotografar.
Mudamos hábitos, ma não atitudes. Trabalhamos pelo outro, sem nos reservar o direito a tirar umas férias.
Vive-se essa neurose possessiva em busca do amor. Quer-se amar, apenas amar, nada mais e se perde a essência, os valores.
Chora-se por nada, cai-se em lágrimas antecipadamente, pelo prazer de fazer cena, numa última tentativa de não esvaziar o interior.
Porque temos o terrível e abominável medo de acabar só, de abraçar a solidão e dormir desamparados.
Sonhos à noite, pesadelos no dia a dia. Não se perde o relógio de vista na ânsia de não perder o trem, o avião, a conexão, o amor.
Somos involuntariamente manipuláveis. Cedemos as tentações, por capricho ou livre espontânea pressão.
Somos o que o outro quer e nunca o que desejamos. Somos espelho e reflexo do alheio.
E perde-se a identidade, perde-se a liberdade, perde-se o amor. Aliás, passamos a viver o amor por conveniência. Um amor controlador.
Onde temos a obrigação de continuar a humanidade, dar frutos e não apenas florescer.
Leandro M. Cortes