terça-feira, 25 de agosto de 2015

O amor morre muito antes


O amor morre muito antes

O amor não morre quando a relação acaba. Morre muito antes. Muito antes dos primeiros desentendimentos. 
O amor morre, muito antes das primeiras discussões. Muito antes dos contínuos silêncios. Muito antes da chegada do inverno vazio e frio entre corpos.
O amor morre, muito antes do jejum. Muito antes da instalação do detector de mentiras na relação.
O amor morre, muito antes que se possa instituir a delação premiada. Muito antes que se possa impetrar um habeas corpus.
O amor morre, muito antes do acúmulo de negações. Se faz o inventário do amor, muito antes do seu falecimento.
O amor morre, muito antes do outono que aflora entre corações desnudos. Muito antes das desconfianças. Muito antes das indiferenças.
O amor morre, quando morrem nossas expectativas. O amor morre, quando desmoronam os sonhos a dois.
O amor morre, não pela falta de atenção, mas pelo excesso de cobranças, pelo excesso de zelo.
O amor morre, pela anuência assistida da ausência de diálogo que vai minando a relação, que uma hora explode.
O amor morre, quando criamos linhas imaginárias exteriormente e nos distanciamos interiormente do outro.
O amor morre, quando nos libertamos do sentimento de culpa pelo fim. O amor morre, quando nos libertamos do medo de perda, do abandono e da orfandade inesperada.
O amor morre, quando abandonamos a covardia e, tomamos a iniciativa e as rédeas da situação.
O amor morrer, quando abandonamos a passividade e nos tornamos soberanos em nossas decisões.
O amor morre, quando a ideia da solidão passageira e transitória passa a se tornar a opção mais viável.
O amor morre, muito antes da despedida, do último aceno, do ultimo beijo, do último abraço, da última noite. O amor morre, muito antes do ponto final.

Leandro M. Cortes