sábado, 14 de janeiro de 2017

Para onde vai o amor


Quando embarcamos em uma relação, nunca esperamos que o The End seja breve, mas que o agora e para sempre até que a morte nos separe seja cumprido até o fim.
O amor não nasce de um contrato, nem de um registro em cartório, mas da união, da confiança, da lealdade entre você e seu best friend.
Aquele que será o seu amante, confidente, credor, amor diante da vida. Aquele com quem dividiremos nossos sonhos, planos, desejos, vontades e realizações.
O amor é e sempre será passível das oscilações das baixas e altas das bolsas de valores. E só será digno de credibilidade aquele que resistir aos seus altos e baixos ao longo do tempo.
Aquele que resistir bravamente aos golpes que a relação sofre, mas quando a relação se torna uma guerra,
Instaura-se o medo, o pânico é esse um campo minado, onde cada palavra será o estopim para ser deflagrada a discussão.
Onde cada um fica em sua trincheira a espera da ação do outro. A espera da próxima bomba a deteriorar ainda mais o relacionamento.
Ela já não o reconhecia mais depois de anos, veterana do amor que era já não aguentava mais a ditadura imposta por ele.
A rotina silenciosa, os afastamentos, distanciamentos, as ausências no dia a dia, dentro de uma relação mutilada.
Ressentida dos verões e primaveras de outrora, norteados pelo espirito do amor e da paixão, mas que cederá lugar ao inverno entre seus corpos.
Estava cansada de receber migalhas de amor, de mendigar atenção, de tentar resgatar um amor transformado pelo tempo.
Não há nada pior quando nos tornamos estranhos dentro da relação, desconhecidos, inimigos do amor um do outro.
O fim foi dolorido, mas amigável. Finais sempre deixam suas cicatrizes e marcas, quando dessa amputação maior que é a separação.
Ela simplesmente disse que o amor acabou. Ele insiste, ela resiste, está decidida a pular do barco.
Ele quer um tempo, quer uma nova chance, um novo recomeço, mas o que não mudou em anos de convivência, não mudará em uma hora de desespero.
Foram anos de convocação, foram anos de dedicação, ela sobreviveu, o amor não. Ele teima em querer ressuscitar o que já morreu.
Ela se declara independente, quer liberdade, quer viver outros amores, reaprender a viver longe da rotina massacrante.
O desgaste alcançou a relação, ela cansou de amar o vazio, de procurar diálogo e ouvir a implicância.
Atingiu o seu limite diante do muro levantado por ele. E não há nada mais contagioso que a solidão a dois,
quando se erguem paredes na relação, ao invés de abrirem-se portas. Quando se perde a amizade, o respeito.
Quando as brigas e discordâncias se tornam rotina, o amor cai na inadimplência e as cobranças se acumulam.
Ele ainda resiste em ceder-lhe a alforria, a carta de demissão amigável da relação. O litigio entre corpos já é fato consumado,
Ainda alimenta uma breve esperança de que a ruptura não vai se dar e não cede ao divórcio sentimental.
Em ambos os casos não foram meses, foram anos construindo, o que agora se desconstrói por falta de manutenção dentro da relação.
O final que se deseja, não é o que se tem. Aquele que já fora companheiro da vida, agora é um inimigo do peito,
Que sofre com a rejeição e quanto mais prolongar o fim, mas irá sofrer, mais irá doer e maiores serão as feridas.
Não há nada de indigno em reconhecer a falha. É possível aceitar o erro, a perda e seguir em frente com dignidade.
O único que não deve se perder é o amor. O amor próprio.

Leandro M. Cortes