sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Faxina interna




Faxina interna

É sexta-feira, dia de faxina. Sei lá, pode ser sábado também, quem sabe domingo. Pode ser pela manhã, ou à noite.
Algumas coisas na vida não têm hora marcada para se fazer. A limpeza interna e externa da casa é uma delas.
Arredam-se os móveis, tiram-se os tapetes, varre-se a sugeria, passa o pano, tira teias de arranha, deixa a fachada impecável.
Mas há coisas que vão ficando para depois. Coisas que vai se jogando pelos cantos, como roupa suja amontoada no cesto.
Já pensou em fazer uma faxina interna? Não, no interior da casa. No interior do corpo, onde o pano não alcança, nem a vassoura chega.
Onde os olhos não vêem, mas a alma sente. Não basta encher um saco de lixo com restos do dia anterior.
À que se eliminar o que fica acumulado interiormente. Tudo o que pesa não o estômago, a barriga, mas o que não sacia mais a alma.
De nada vale enfeitar o corpo e continuar ouvindo reclamações do outro. De nada adianta pintar os olhos e não transformar a carranca.
De nada adianta rearranjar os móveis, mudar o cenário, se os personagens e a história continuam os mesmos.
Por vezes é preciso agradar a rotina, dar prazer à monotonia e exercitar a morbidez, malhar o sedentarismo que domina o amor.
Não basta limpar a casa. É preciso eliminar as pequenas sujeiras camufladas que despertam atritos na relação.
Não basta rearranjar os móveis. É preciso dobrar, passar e guardar os pensamentos, sentimentos e emoções em compartimentos separados.
Não se culpe, nem se vitimize, nem se omita, nem tenha medo de orquestrar mudanças, pois a felicidade faz barulho.
O amor exige bem mais que um (a) diarista, um peguete de vez em quando. O amor exige carteira assinada, pontualidade e assiduidade.

Leandro M. Cortes