Memórias
Descobri ter memória fraca,
maleável e frágil. Pensei: Isso a gente resolve facilmente, simplesmente troca
por outro pente de memória, uma mais nova.
Depois de um tempo, ela
envelhece, a gente exercita, aditiva com algumas doses de vitamina, mas memória
não é eterna.
Memória se corrói, cria poeira,
memória entra em colapso, tem seus lapsos. Memória não se apaga, nem se troca,
são frações e porções de histórias armazenadas.
Memória entra em parafuso, e
segue a contramão do fim, nos remete ao início, aos nossos primeiros dias. Dias
de criança.
Memória exige paciência, exige
compreensão, exige atenção! E me lembro aqui de minha adorável vovó.
Que troca o dia, pela noite. À segunda, pelo sábado. Lua e estrela de
lugar. A hora do jantar pelo café da
manhã.
Que me pergunta pela centésima
vez: Que dia é hoje? E a mãe? Vai trabalhar? (domingo). É um mundo novo, dentro
de um velho mundo.
É inevitavelmente o caminho
inverso. É o universo nos oportunizando a voltar involuntariamente, o regresso
uma vez mais ao passo, a infância.
É o recado mais sutil que se pode
dar e que podemos receber: Esse foi você ontem e provavelmente será amanhã.
Memórias! É a vida. É parte de
uma história, que mesmo na partida, não morre. É eterna. Preservemos esse
patrimônio da humanidade!
Leandro M. Cortes