domingo, 9 de agosto de 2015

Memórias



Memórias

Descobri ter memória fraca, maleável e frágil. Pensei: Isso a gente resolve facilmente, simplesmente troca por outro pente de memória, uma mais nova.
Depois de um tempo, ela envelhece, a gente exercita, aditiva com algumas doses de vitamina, mas memória não é eterna.
Memória se corrói, cria poeira, memória entra em colapso, tem seus lapsos. Memória não se apaga, nem se troca, são frações e porções de histórias armazenadas.
Memória entra em parafuso, e segue a contramão do fim, nos remete ao início, aos nossos primeiros dias. Dias de criança.
Memória exige paciência, exige compreensão, exige atenção! E me lembro aqui de minha adorável vovó.
Que troca o dia, pela noite.  À segunda, pelo sábado. Lua e estrela de lugar.  A hora do jantar pelo café da manhã.
Que me pergunta pela centésima vez: Que dia é hoje? E a mãe? Vai trabalhar? (domingo). É um mundo novo, dentro de um velho mundo.
É inevitavelmente o caminho inverso. É o universo nos oportunizando a voltar involuntariamente, o regresso uma vez mais ao passo, a infância.
É o recado mais sutil que se pode dar e que podemos receber: Esse foi você ontem e provavelmente será amanhã.
Memórias! É a vida. É parte de uma história, que mesmo na partida, não morre. É eterna. Preservemos esse patrimônio da humanidade!


Leandro M. Cortes