sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Pequenos céus somados



Pequenos céus somados

Amores que sempre julgamos eternos acabam pela ausência de afinidades. Ou pela inexistência de pontualidade e trabalho na relação. Amores de um dia, os tais freelancers, acabam perdendo o gosto. Há aqueles diaristas, que despertam atração e depois se perde o tesão.
Nossos amores, assim como nossos quereres são incertos. O certo é que percorremos a cidade, bares, festas e o mundo em busca do amor perfeito aos nossos olhos.
Aquele que irá satisfazer nossos desejos, nossas fantasias, fetiches e o nosso prazer. E acabamos por esquecer o nosso bem estar interior. O prazer passa, mas a ressaca fica.
Um brinde a você que vive sua independência e não se deixa escravizar pela rotina. Um brinde a você que se atreve a embriagar seus sentimentos e viver seus desatinos.
Um brinde aos cafajestes e popozudas que acompanham nossas solidões e satisfazem nossas carências mais primitivas. Um brinde a noite que será de três, quatro ou cinco estrelas.
Um brinde as nossas qualidades que não são reconhecidas. Um brinde aos nossos serviços que não são valorizados. Um brinde aos nossos esforços que não são brindados.
Um brinde ao ponto que nos reconhece e não nos incrimina. Um brinde ao relógio na parede que nos oferta com seu tempo. Um brinde as nossas digitais que atestam e nos lembram da nossa existência.
Um brinde aos nossos desprazeres e inquietações que sacodem nossa monotonia aos sábados. Um brinde aos domingos que abraçam nossas chegadas ao amanhecer.
Um brinde a segunda-feira que começa lenta e vagarosamente. E já é quarta-feira, o mundo gira e a vida não para nessa aglomeração de dias que se sucedem.
Entre um brinde e outro, abusando dessa bebida chamada ansiedade, misturada com uma dose de impulsividade, acabamos sempre voltando satisfeitos de nossas companhias que preenchem nossos vazios imediatos.
E perde-se muito pouco dinheiro entre uma dose e outra. Entre um amor e outro. Entre nossas indecisões e essa estranha felicidade com a qual brindamos. Mas talvez, seja hora de rever alguns valores, não?
O compromisso com a vida exige bem mais que um encontro casual aos finais de semana. É uma relação de dependência diária e imutável.
Felicidade não se acha. Felicidade não se droga. Felicidade não toma porre. Felicidade não se compra. Felicidade é coisa que não se vende em qualquer botequim de esquina.
Afinal, a vida Não é esse tédio todo. Ela é bem mais interessante, elegante e informal do que se apresenta. Sempre haverá uma distração, um happy hour, uma fatia desse bolo para se usufruir depois do trabalho.
Bem vindo ao meu mundo. O mundo dos assalariados, que vive a correria do dia a dia e se debruça em cima do final de semana em busca de uma porção de calmaria e um gole a mais de liberdade.
Que não percamos a afinidade, nem o gosto e nem o tesão pela vida. O maior prazer em se viver está em poder acordar e brindar mais um dia com a vida.
A vida não é esse inferno todo. Vivamos mais nossos pequenos céus somados.
Leandro M. Cortes