Hoje ao ler sobre o
casal pernambucano, o qual comemorou bodas de vinho, mantive acesa minha
esperança sobre o amor. Ambos completaram 70 anos juntos, onde uma longa
estrada foi percorrida até esse dia, data mágica em um mundo onde a perspectiva
de vida bate na casa dos 70 anos, ainda há quem eternize o amor em vida. Ainda
há quem de razão e siga aquele velho ditado: O que Deus uniu o homem não
separa.
Hoje, acabei me
lembrando do casal catarinense que depois de 63 anos de união, ambos morreram
no mesmo dia e partiram juntos. Compraram suas passagens para o paraíso com
tempo de sentarem um ao lado do outro no mesmo assento nessa viajem de férias
eternas. Não se permitiram separar nem mesmo diante da morte. Não há nada mais
poético que a plenitude alcançada a dois.
Não lamentaram, não
choraram não se opuseram ao destino, apenas acenaram ao tempo e pediram-lhe que
os esperasse que lhes fosse generoso. O tempo foi. O tempo esperou que arrumassem, fizessem suas
malas, então os levou ao amanhecer com o mesmo respeito com que um dispensou ao
outro ao longo dos anos que lhes foi permitido viver e desfrutar dessa estadia
transitória.
Não há nada mais romântico do que se declarar o amor eterno: Nós
vamos embora juntos! Não houve reclamações de um ou outro, nem discussões ou
brigas. Não houve quem desejasse ficar um pouco mais por aqui. Não houve
objeções terrestres, nem divinas, mas sim o consenso entre ambas às partes. Não
foram infantis, mas maduros o suficiente para aceitar os desígnios divinos.
Foram colhidos da árvore da vida, para o descanso eterno.
Hoje, também me lembrei de outro casal, esse do espírito santo,
o qual ambos comemoraram juntos as bodas de vinho. Um brinde ao amor que não
perece, nem envelhece com a passagem do tempo. 70 anos juntos. Qual o segredo?
Respeito, cumplicidade, união. O ingrediente, “tem que ter amo até o fim da
vida”. Concordo, mas amor, nem sempre resiste a tudo, o amor também adoece,
amor também necessita de cuidados, senão morre, aliás, amor não morre troca de
lugar, muda de endereço.
Feliz é o casal que consegue atravessar essa ponte que liga
vidas, o passar dos anos e manter-se integro, fiel aos seus preceitos, ao amor.
Feliz é o casal que se permite eternizar uma vida cheia de altos e baixos, aos
trancos e barrancos, mas que se mantém unida.
Feliz o casal que supera suas guerras internas e externas e antes do
apagar das luzes renova seus votos. O amor. Os exemplos são poucos, raros,
vindos da velha-guarda, mas poderiam ser bem mais comuns e corriqueiros.
Leandro M. Cortes