terça-feira, 25 de outubro de 2016

Bodas de esperança


Hoje ao ler sobre o casal pernambucano, o qual comemorou bodas de vinho, mantive acesa minha esperança sobre o amor. Ambos completaram 70 anos juntos, onde uma longa estrada foi percorrida até esse dia, data mágica em um mundo onde a perspectiva de vida bate na casa dos 70 anos, ainda há quem eternize o amor em vida. Ainda há quem de razão e siga aquele velho ditado: O que Deus uniu o homem não separa.
Hoje, acabei me lembrando do casal catarinense que depois de 63 anos de união, ambos morreram no mesmo dia e partiram juntos. Compraram suas passagens para o paraíso com tempo de sentarem um ao lado do outro no mesmo assento nessa viajem de férias eternas. Não se permitiram separar nem mesmo diante da morte. Não há nada mais poético que a plenitude alcançada a dois. 
Não lamentaram, não choraram não se opuseram ao destino, apenas acenaram ao tempo e pediram-lhe que os esperasse que lhes fosse generoso. O tempo foi. O tempo esperou que arrumassem, fizessem suas malas, então os levou ao amanhecer com o mesmo respeito com que um dispensou ao outro ao longo dos anos que lhes foi permitido viver e desfrutar dessa estadia transitória. 
Não há nada mais romântico do que se declarar o amor eterno: Nós vamos embora juntos! Não houve reclamações de um ou outro, nem discussões ou brigas. Não houve quem desejasse ficar um pouco mais por aqui. Não houve objeções terrestres, nem divinas, mas sim o consenso entre ambas às partes. Não foram infantis, mas maduros o suficiente para aceitar os desígnios divinos. Foram colhidos da árvore da vida, para o descanso eterno.
Hoje, também me lembrei de outro casal, esse do espírito santo, o qual ambos comemoraram juntos as bodas de vinho. Um brinde ao amor que não perece, nem envelhece com a passagem do tempo. 70 anos juntos. Qual o segredo? Respeito, cumplicidade, união. O ingrediente, “tem que ter amo até o fim da vida”. Concordo, mas amor, nem sempre resiste a tudo, o amor também adoece, amor também necessita de cuidados, senão morre, aliás, amor não morre troca de lugar, muda de endereço.
Feliz é o casal que consegue atravessar essa ponte que liga vidas, o passar dos anos e manter-se integro, fiel aos seus preceitos, ao amor. Feliz é o casal que se permite eternizar uma vida cheia de altos e baixos, aos trancos e barrancos, mas que se mantém unida.  Feliz o casal que supera suas guerras internas e externas e antes do apagar das luzes renova seus votos. O amor. Os exemplos são poucos, raros, vindos da velha-guarda, mas poderiam ser bem mais comuns e corriqueiros.

Leandro M. Cortes