segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Ligações perigosas


Ligações perigosas

Ela me telefona às 3 h da madrugada, está num bar bêbada, desesperada, mergulhada em doses fortes de emoções embriagantes, desesperada porque ele acabou com tudo, chutou o balde, deu um pontapé... literalmente acabou com a relação. Pô menina, não chora, sorria, não se desespera, relaxa não pira, se acalma. Ele foi só mais um a passar pela tua vida. Não perde a pose não, pô o cara é o maior vacilão, se liga. Iguais a ele existem aos montes por aí, as pencas. Ele é só mais um banana caindo do cacho.
A vida é assim, essa ciranda, a gente perde, leva porrada, apanha uma hora a gente dança. Dói eu sei que dói, dói muito, mas passa. Amanhã, depois, semana que vem mês que vem que sabe você já esqueceu ele. Não insista em algo que não está dando certo, deixar ir, partir, que vá e seja feliz.
Aí ela me diz: Mas eu amo ele? Pô menina, reage, força, desapega dessa neura, dessa dependência, aguenta firme essa abstinência. Te livra desse vicio que está te matando lenta e vagarosamente. Talvez ele volte, talvez não. Talvez ele te ligue, talvez não. Talvez te mande uma mensagem, talvez não. Talvez ele esteja fugindo talvez não. Talvez você seja demais para ele talvez, não.
O que não te mata te fortalece e você vai sobreviver, entendeu. Coloca um band-id no coração e vai viver a vida. Tudo isso se chama amadurecimento, agora vê se abraça esse teu amor próprio e parte para outra. De vez em quando a gente pensa ter achado o outro par da sandália e a vida acaba nos mandando um chinelão.
Ela segue chorando suspirando e é tarde, tarde para ir para fazer alguma coisa, para ir para a emergência. Doí, mas vai passar, segura firme essa barra e vê se não caí de novo no conto do agora e para sempre, lembra? Eu te falei, eu te avisei. Daqui a pouco essa coisa que está dentro de você vai sair, essa dor vai passar. Um parto antecipado, antes do tempo, inesperado é sempre doloroso, ainda mais quando se perde o amor.
Ela desliga o telefone e em meio aquele fogo acende um cigarro, fuma um maço de sentimentos nocivos à saudade. Tudo gira, o mundo segue girando, dando as suas voltas e ela dançando com a saudade entre um gole a mais de esperança de que tudo isso não tenha passado de um pesadelo. Que ele entre pela porta sem avisar e diga que tudo não passou de uma brincadeira. Mas de vez em quando a vida não imita a arte, definitivamente não.

Leandro M. Cortes