terça-feira, 18 de outubro de 2016

O que ela não entende


O que ela não entende é que a vida é assim, feita de chegadas e saídas. Que a vida é feita de ciclos. Todo ponto final nos acena e possibilita com um novo reinício. O que ela não entendia é que é preciso se dar uma nova chance, não para os outros, mas para si mesmo de ser feliz.
Há dias em que gente acorda com chuva, no outro com sol. Há dias em que acordamos tristes, dê-se um tempo para viver suas tristezas. Em outros a gente acorda alegre, viva mais suas pequenas felicidades.
Há dias em que tudo que precisamos é de um abraço, em outros silêncio. Há dias em que necessitamos companhia, em outros buscamos a solidão. Há dias em que precisamos de algumas palavras, em outros de um ombro, apenas um ombro.
São esses pequenos pedaços diários que aos poucos vão nos ajudando a montar esse quebra-cabeça que é a vida. São esses pequenos momentos que vão preenchendo nossas lacunas, nossos vazios existências.
O que ela não entende é que a vida por vezes não imita a ficção. O que ela não compreendia é que a vida real é contracenada por mocinhas e vilões, e que o príncipe encantado por vezes se transforma em sapo. Que o ladrão não avisa, quando vai bater a porta do coração. Simplesmente entra e nos rouba a inocência, nos tira a virgindade, o êxtase de da primeira vez, do primeiro amor.
Não insista em viver a ilusão de algo que acabou, de memórias de quem já se foi, nem de lembranças do que não reside mais dentro de você. Com o tempo tudo se reorganiza, tudo volta ao seu lugar. Há coisas e pessoas que estão apenas de passagens por nossas vidas. Fazem-nos de morada temporária.
O que ela não entende é que novos amores não podem ocupar o lugar de velhas paixões. É necessário faxinar o interior, varrer toda a sujeira deixada para trás, tirar o mofo do coração, eliminar todo aquele pó sentimental acumulado e tirar as teias que nos impedem de amar, re-amar novamente sem medo de ser feliz.
Leandro M. Cortes