domingo, 16 de outubro de 2016

Não precise tanto de alguém


Não precise tanto de alguém

Não precise tanto de alguém, precise mais de um amor, do amor. Não queira alguém do teu lado, mas um amor, o amor. A gente vai se repetindo, não só nas palavras, mas promessas, e nas atitudes imaturas e desastrosas, porque vive essa louca ânsia, necessidade, urgência em ter alguém ao nosso lado, alguém, não um amor, o amor.
Não queira alguém que te conte histórias, mas que seja a tua história, o teu conto.  Permita-se errar, maturidade não vem com o tempo, mas com as experiências vividas. Abandona logo esse escudo-solidão a que se jogou e vai viver a vida, sem medo de ser feliz. Queira um amor que viva mais os teus silêncios, que te diga tão somente: Hei, eu estou aqui, vai passar!
Não queira alguém, mas um amor que não te prometa o céu, mas que te faça sair do chão, voar de vez em quando. Um amor que te aceite assim, imperfeitamente cheia de defeitos, cheia de neuras, tiques e manias. Um amor que viva teus sonhos e pesadelos, tuas bagunças sentimentais e tuas pequenas contradições. Um amor que mergulhe nesse poço de emoções reviradas e te salve dessa perdição. Um amor que viva teus pequenos infernos, mas cultive teu pequeno céu, tua salvação.
Não queira alguém, mas um amor que não te compre com presentes, mas te conquiste com atitudes.  Alguém que entre pela porta sem avisar e te veja despida de maquiagens, cabelo desarrumado, só de pijama, com a cara amassada, daquele jeito, mas que te ache linda do mesmo modo. Um amor que não te ache patética, nem ridícula só porque você gosta de falar e ouvir essas coisas piegas e clichês que a gente ouve por aí.
Não queira alguém, mas um amor que te olhe nos olhos e te traga a certeza da escolha. Um amor que te pegue pela mão e atravesse contigo esse indesejável, o tempo sem medo. Um amor que te desperte arrepios, tremores, desejos, vontades, tempestades e ventanias internas. Um amor que te faça se perguntar todos os dias, porque você ama tanto ele.
Não queira um alguém que te faça nadar contra a correnteza, mas um amor que entre nesse barquinho e reme com você, mesmo sem saber onde tudo isso vai dar. Não queira um alguém, queira um amor.

 Leandro M. Cortes