Na vida marcamos tantos gols,
somamos tantas vitórias, erramos, somos penalizados, pagamos.
Mas e quando essa falta não existe? Quando o destino entra
de carrinho e nos fere, machuca?
Hoje não fora só uma cidade, nem famílias, nem os amantes do
futebol que sofreram com essa quase centena de partidas inesperadas. Fomos
todos nós.
Esse gol contra da vida enlutou o céu, estrelas deixaram de
brilhar e o universo lacrimejou copiosamente.
Hoje não morreram apenas jogadores, atletas, mas sim uma
centena de sonhos. O sonho de alcançar o apogeu,
De conquistar o olimpo, o paraíso terrestre. Essa queda do
avião dessa estrela, meteoro chamada chapecoense, abreviou o voo de muitos de
nós ali, naquela hora, naquele exato momento.
Senti-me impotente, inseguro, sem forças naquela hora, a dor
de muitos doeu em mim, mas fiz-me forte para seguir em frente.
Naquela hora abandonei o bairrismo, o vermelho e azul e vesti-me
de verde, na ânsia de florescer em outros tantos corações.
Não se houve mais o estádio Conda bravejando, mas saudando
silenciosamente seus bravos guerreiros.
Hoje morreu uma equipe, um time de futebol, morreu um pouco
de cada um de nós amantes da emoção.
As ruas estão vazias, a multidão é só coração, é doação,
união, luto compartilhado. A multidão, a plateia, torcedores aplaudem em um só
coro aqueles que caíram fazendo o que amavam.
Não era só um avião transportando jogadores, era uma
aeronave carregando dezenas de sonhos.
Hoje o dia amanheceu nublado, amanhã? Amanhã talvez sol
volte a brilhar. Talvez, não sem antes iluminar os passos daqueles que partiram
antes do dia clarear.
O juiz apita e o jogo da vida continua. Ele não acaba dentro
dos noventa minutos. O jogo da vida acaba, quando o arbitro lá de cima decidir
encerrar essa partida.
Leandro M. Cortes