segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Lá pelos trinta


Lá pelos trinta, a gente percebe que ter pressa diante da vida pode ser um erro e desacelera, vai mais devagar.
Lá pelos trinta, o coração já não bate tão rápido, a respiração já não é tão ofegante, e muita coisa que parecia distante, depende muito mais de nós, do que da vida e do destino.
Lá pelos trinta, com os pensamentos estabilizados e algumas metas cumpridas, já sabemos o caminho a seguir.
Lá pelos trinta, já não fazemos os mesmos caminhos. Já não caímos mais em ilusões. Já não nos doamos loucamente ao amor.
Lá pelos trinta, já não damos tanta importância ao que os outros dizem sobre nós. Ao que o mundo fala a nosso respeito.
Lá pelos trinta, já convictos de nossas escolhas, optamos por levar a vida, antes que ela acabe por nos levar.
Lá pelos trinta e com a guerra hormonal da adolescência vencida, nos damos conta de que muita coisa nessa vida é transitória.
Que muita coisa nessa vida passa. Inclusive nós.
Lá pelos trinta e ainda indecisos passamos a brigar contra o tempo, mas tempo é o que ainda temos de sobra seguindo as estatísticas que nos dizem que vamos chegar aos 80 anos.
Lá pelos trinta é onde começamos a viver de fato é o que se diz por aí. É quando damos a largada diante da vida.
Lá pelos trinta, surgem alguns complexos. O medo de envelhecer. O medo de acabar só. O medo da solidão.
E iniciamos essa louca corrida em busca de um amor, sem exigências, sem a seletividade de outrora, o que buscamos é apenas um amor e pronto.
Lá pelos trinta, a vida começa a nos cobrar. Cobrar pelos nossos erros. Cobrar por nossas falhas. Cobrar pelos nossos excessos. Cobrar pela nossa imaturidade. Cobrar pelos nossos vícios.
Lá pelos trinta, ainda queremos rodar o mundo. Ainda queremos ganhar na loteria. Ainda queremos ter muitos amigos. Ainda queremos “pegar todas” e ficar com “todos”.
Lá pelos trinta, vem a auto-análise e percebemos que querer não é poder. Que é só mais uma crise hormonal.
Lá pelos trinta, o espelho já não passa a ser um bom amigo, mas na verdade nós é que relutamos em não aceitar essa transição entre fases.
Lá pelos trinta e ainda sob pressão para casar e ter filhos, você quer mais é viver, aproveitar um pouco mais a vida, antes do aviso prévio, da demissão dessa vida sem cobranças.
Lá pelos trinta, ambos correm para a academia em busca do corpo ideal e do físico perfeito, mas é uma perfeição superficial, propaganda enganosa. Autoestima. Um exercício em desuso, palavrinha chave para nossas crises.
Leandro M. Cortes