terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Na roda gigante da vida


Deixei de amar para me apaixonar, o que foi um erro. Deixei de frequentar ruas, bares, becos, escadas, janelas, deixei de sair para não te ver o que foi uma burrada ainda maior.
Continuo te vendo pelos becos escuros da noite em sonhos, entre pensamentos, no meio da multidão, em cada sorriso solto no ar.
É tão estranho no meio da noite acordar e não ter o teu coração quentinho batendo ao lado do meu, o teu sorriso cobrindo a minha tristeza naqueles dias frios.
É tão estranho olhar para o céu cinzento que recobre meus olhos e não poder te tocar, minha estrela maior
Em meio a essa constelação de sentimentos perdidos no espaço vazio deixado pelo teu amor em fuga, mas vai passar, eu sei, você sabe,
Cedo ou tarde a tempestade passa e o sol volta a brilhar. Só quero que saiba que ainda ocupa o lugar mais bonito aqui dentro, no coração
Em meio a esse turbilhão de sentimentos e emoções cintilantes nessa minha cabeça confusa e perdida em meio a esse estranho flashback
Que me balança, leva até você, em um passado ainda quentinho mesmo em pleno inverno, despertando todos os nossos verões passados.
Era bom? Não era, fala para mim! Não me venha com esses teus silêncios vazios tentando me afogar com suas razões mergulhadas nesse teu orgulho enraizado.
Não, não adianta querer fingir um distanciamento que deveras ter, mas que nunca teve.
Eu sei, que ainda frequento tuas noites mal dormidas e tuas insônias que perambulam pela saudade que não deverias sentir, mas que te invade e penetra esse teu frágil coração ainda embebido pelo meu néctar,
Que ainda embriaga o teu corpo desnudo do amor e vestido com a saudade das nossas perdições à noite,
Onde a minha solidão abraçava a tua e soprava momentaneamente nossos medos para horizontes distantes.
Eu mergulhava em você, você nadava dentro de mim, remávamos perfeitamente um dentro do outro
Dentro do rio da vida, você matando a minha sede e eu bebendo do teu prazer calhorda, cafona, barato, mas tão mansinho, bonitinho e suficiente para tocar o meu céu interior.
Você cresceu de um jeito tão bonito, tão doce, tão gostoso dentro de mim. Eu com a minha carência, você com as suas pieguices, nós dois tendo uma overdose de amor, sendo levados com urgência para a urgência
Que nos unia e fazia prisioneiros desse cordão umbilical que nos prendia, o amor. Haverá morte um dia e penso que poderá ser demasiadamente tarde para te amar além dessas palavras,
Mas seria tão legal existir uma vez mais em você em um mundo onde as pessoas esquecem umas das outras com tanta facilidade. Te escrevo, enfim, para dizer-te que a vida é cheia de curvas e dá lá as suas voltas e tenho uma fé enorme nas engrenagens da vida,
Na força do amor, que continua trabalhando em silêncio dentro da gente, sem alarde, sem pressa, sem neura, sem ser demasiadamente tarde, dando tempo ao tempo,
Apenas saiba que nem eu e nem você somos descartáveis.
Leandro M. Cortes