Quem acompanhou a entrevista do
ator Marcello Novaes no domingo passado ao apresentador Faustão, deve ter visto
e ouvido a bela declaração de amor de sua Ex-mulher, Letícia Spiller.
Foi um “Eu te amo”, como a
declaração do inicio do amor, mesmo depois do fim. Foi uma declaração pura,
genuína e sem o peso das desavenças, das cruezas da relação.
Nem ele, nem ela, transformaram o
fim da relação em munição para alimentar uma possível guerra, pós-rompimento de
relações.
Nem transformaram o amor em uma
religião, a fim de distorcer o que se prega sobre o romantismo para justificar
o fim.
Continuaram fiéis um ao outro,
diplomatas da boa conivência entre
ex-amores merecedores do premio Nobel da Paz.
Essa é uma bela declaração, mais
que merecida, pela trajetória do ex-casal, que manteve a amizade, a lealdade mesmo depois de anos
separados.
Eu te amo, virou artigo raro nas
vitrines da vida. Eu te amo, deixou de frequentar nossas mesas, sofás, camas,
corredores e repartições de nossas casas.
Eu te amo, não frequenta mais
vias públicas, é invocado em raras oportunidades longe das câmeras, do olhar do
público.
Eu te amo, deixou de ser surpresa. Eu te amo, virou constrangimento.
Eu te amo, é uma arma em mãos erradas. Eu te amo, sempre gera aquele medo, o
medo da frustração e da decepção.
Eu te amo, só para os pais e para as mães. Eu te amo, para os amigos. Eu te amo, para o gato, para o cachorro. Eu te
amo é usado indiscriminadamente, longe da relação.
Eu te amo, só não é boicotado
pelo amor maternal, amor de mãe é o único que é e será incondicional, mesmo
diante das nossas travessuras,
Erros e desacertos. Amor de mãe é
imune a discussões, essa é uma relação para a vida, a qual sempre será
alimentada por esse cordão umbilical que nos une, o amor.
Eu te amo, perdeu o glamour. Eu
te amo, perdeu o valor. Eu te amo, não é mais um artigo de barganha. Eu te amo, perdeu a magia de outrora.
Eu te amo, não atesta mais nossos
compromissos, nem é mais uma assinatura válida. Eu te amo, sem prova é um
atestado de culpa, uma confissão antecipada de um delito.
Eu te amo, não sacia mais a sede
de ninguém. Eu te amo, não nos veste mais. Eu te amo, não nos comove mais.
Vive-se a quase falência do amor
e a eminente morte do romantismo diante da tecnologia que nos rouba o calor
humano e nos presenteia com a frieza da era digital.
Eu te amo, perdeu a simbologia,
deixou de ser um símbolo universal, deixou de ser a linguagem oficial entre os
amores e amantes, virou uma palavra qualquer. Eu te amo, eu não preciso mais de
você, adeus.
Leandro M. Cortes